O “ACHISMO” NA DOUTRINA
ESPÍRITA
Nota-se todo o trabalho da
espiritualidade superior para nos trazer o Consolador prometido por Jesus;
verifica-se, pois, todo o empenho e dedicação de Allan Kardec (o codificador) utilizando-se de metodologia
científica, de critérios rígidos buscando ser o mais fiel possível às mensagens
trazidas pelos espíritos.
a razão é imprescindível, assim nos
ensinou o próprio Kardec, no entanto, vê-se hoje, interpretações duvidosas e
equivocadas da Doutrina Espírita. Não estamos aqui fazendo apologia a “pureza”,
mesmo porque há interpretações errôneas sobre o tema. Devemos, sim, manter a Codificação
tal qual nos foi entregue.
Há muito tempo vários autores
espirituais trazem mensagens acerca da manutenção intacta da Doutrina Espírita;
sem achismo e/ou interpretações levianas que podem colocar em risco todo o
trabalho de amor dessa Cartilha Divina.
Doutrina que nos descortina a
vida como um todo, ou melhor, além do todo; que nos consola e nos dá suporte
para que possamos buscar a nossa tão desejada, no entanto, tão difícil reforma
íntima.
Tal preocupação trouxe a
necessidade do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, como nos alertou o
espírito de Angel Aguarod, em 1976:
“Cabe, pois, aos Espíritas, responsáveis pelo
Movimento Espírita, uma ampla tarefa de divulgação das obras básicas da
Doutrina, promovendo um estudo sistemático, com chamada de atenção para os
aspectos que estão colocados à margem, com graves prejuízos para a assimilação
correta dos princípios e bases do Espiritismo e de sua missão. Recomendaríamos,
portanto, o estudo de um plano amplo no sentido de esclarecer os mais
responsáveis pela dinamização do Movimento Espírita, da importância do estudo,
da interpretação e da vivência do espiritismo”.
Kardec também demonstrou essa
preocupação, no livro Obras Póstumas, segunda parte, Projeto 1868, Ensino
Espírita:
“Um curso regular de Espiritismo seria
professado com o fim de desenvolver os princípios da ciência e de difundir o
gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de
princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias
espíritas e de desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso como
de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do espiritismo e sobre
suas consequências”.
Verifica-se, portanto, essa inquietude
no tocante a manutenção intacta da Doutrina Espírita.
As obras básicas da Codificação
não são como as leis humanas que precisam sempre de ajustes, face a dinâmica da
vida, consoante o progresso material e social da humanidade. Afinal sem regra
de conduta não seria possível uma vida em sociedade.
Não olvidemos as investidas de
espíritos menos esclarecidos que se utilizam das nossas mazelas morais, como o
orgulho, o egoísmo e a vaidade para tentar atrapalhar a divulgação da Doutrina
Espírita.
Percebe-se esse cuidado no livro:
Amanhecer
de uma nova era, psicografada por Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito
de Manoel Philomeno de Miranda, Editora Leal, 1ª edição, Ano de 2012,
páginas 19 e 20, assim descreve:
“O Espiritismo, por sua vez, vem sendo
sacudido por tormentas internas no movimento, gerando dissensões, filhas
diletas da presunção, chegando-se ao ponto de contestar as bases da
Codificação, ou apresentando-se falsas técnicas travestidas de científicas, de
experiências pessoais, de informações mediúnicas não confirmadas pela
universalidade do ensino.
Novos missionários surgem de um para outro
momento, a si mesmos atribuindo realizações superiores e mergulhando em tormentosas
obsessões por fascinação, assim como se apresentam novidades estapafúrdias que
levam o bom nome da doutrina ao ridículo, pela maneira como são expostas as
teses infelizes, nascidas na vaidade daqueles que são médiuns ou não.
Torna-se imprescindível o retorno às fontes
evangélicas e às origens do movimento doutrinário totalmente destituídos de
autoridades, de especialistas, de detentores de títulos universitários e
arrogância intelectual, volvendo-se à simplicidade e ao serviço eminentemente
cristão”.
Como vimos, a preocupação se
justifica e vem do plano superior. È mais do que óbvio! Ora, se o planeta ainda
é de provas e expiações, onde o orgulho, o egoísmo e a vaidade imperam; os
espíritos recalcitrantes, por intermédio da sintonia mental encontram campo
mais do que fértil para atuarem. Um verdadeiro passeio!
Somente há uma maneira eficaz
para evitar que sejamos reféns e presas fáceis daqueles que nos querem
confundir; é estudar, com seriedade, as obras básicas da Doutrina Espírita: O
Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O
Céu e o Inferno e A Gênese. Conhecer é a melhor forma de defesa!
Não há lugar no Espiritismo para
o achismo, para modismos, para as interpretações levianas, infectados pelo
orgulho e vaidade. A Codificação Espírita não é algo que se esgota, que precise de
atualizações. Quem somos nós para propor mudanças na Doutrina Divina? Foram
necessários Espíritos de Escol para tamanha tarefa de amor!
Não podemos ter a arrogância de
acharmos que temos tamanha competência moral para tão sublime tarefa; logo nós,
repise-se, encarnados ainda, num planeta de provas e expiações. Queridos irmãos
e irmãs, a vigilância é necessária, o estudo é indispensável!
Lembremos-nos, ainda, que nem
todo livro que nos apresentam como espíritas, os são; por isso se faz
necessário o estudo das obras básicas, para que possamos obter o conhecimento
da Doutrina, e, assim nos qualificar para identificar as obras realmente
espíritas. Não que os livros com temáticas espiritualistas não sejam bons,
muito pelo contrário; muito chegaram ao Espiritismo por intermédio desses
livros; mas é importante termos o conhecimento para não sermos confundidos. No
Espiritismo não há teses estapafúrdias e absurdas, sobrenaturais; tudo emana de
Deus.
Por: Sidney de Jesus Cruz